quinta-feira, 16 de março de 2017

Centrais convocam atos e greves na 4ª contra reforma da Previdência, metrô e ônibus param em SP

SÃO PAULO (Reuters) - Centrais sindicais convocaram para a quarta-feira manifestações e greves em várias cidades do país em um protesto contra a proposta de reforma da Previdência apresentada ao Congresso Nacional pelo governo do presidente Michel Temer que, para os sindicalistas, retirará direitos dos trabalhadores.
Em algumas cidades, como São Paulo e Belo Horizonte, sindicatos que representam trabalhadores do transporte público anunciaram paralisações, em alguns casos de 24 horas, como a divulgada pelos metroviários das capitais paulista e mineira. Motoristas e cobradores dos ônibus de São Paulo também anunciaram que cruzarão os braços das 0h às 8h de quarta.
O Metrô de São Paulo obteve na Justiça do Trabalho liminar que determina, sob pena de multa diária de 100 mil reais, que os metroviários mantenham 100 por cento dos serviços entre 6h às 9h e das 16h às 19h, além de manter 70 por cento das composições funcionando nos demais horários.
No entanto, em assembleia na noite desta terça-feira, trabalhadores vinculados ao Sindicato dos Metroviários de São Paulo decidiram manter a paralisação de 24 horas na quarta-feira. A entidade afirmou que embora respeite a decisão da Justiça do Trabalho, entrará com recurso no tempo previsto em lei. Dessa forma, o serviço deve ser encerrado à meia-noite desta terça-feira e retomado somente às 4h40 de quinta-feira.
O Metrô promete descontar as horas dos funcionários que aderirem à paralisação e disse que "serão adotadas todas as medidas necessárias para garantir a oferta do transporte metroviário".
No caso dos motoristas e cobradores de ônibus, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o sindicato da categoria garanta o funcionamento do sistema de transporte coletivo de ônibus, com o mínimo de 85 por cento da frota operando em linhas que atendam hospitais e escolas e 70 por cento nas demais linhas, sob pena de multa de 5 milhões de reais por hora de descumprimento.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região também anunciou que agências em "principais corredores e centros administrativos" não abrirão. Trabalhadores do setor de educação prometem paralisações na quarta-feira em várias grandes cidades do país.
A manifestação principal em São Paulo está marcada para as 16h no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. Pela manhã, policiais civis, militares, federais, rodoviários, agentes penitenciários e guardas municipais convocaram um ato contra a reforma da Previdência em frente à Assembleia Legislativa do Estado, na região do Ibirapuera, zona sul da cidade.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), criticou os atos. "Não há nenhum motivo para essa paralisação. Aliás, o dissídio dos metroviários é em maio, nós estamos em março", disse Alckmin a jornalistas. "A reforma da Previdência, que é discutida em Brasília, no Congresso Nacional, o que tem a ver com o trabalhador que precisa trabalhar e depende do metrô?", questionou.
Também às 16h, no Rio de Janeiro, os trabalhadores devem se reunir na Cinelândia. Em Brasília o ato está marcado para a manhã, às 8h, na Catedral da capital federal.
"O que Temer quer fazer não é reformar a Previdência, é acabar com a aposentadoria”, criticou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vágner Freitas.
PRINCIPAIS CRÍTICAS
Entre os pontos mais criticados pelos sindicalistas na proposta de reforma do governo Temer está a idade mínima de 65 anos, a necessidade de se contribuir 49 anos para obter o benefício integral e o estabelecimento de um período mínimo de 25 anos de contribuição para se aposentar.
"Até economistas que sempre se posicionaram favoravelmente ao governo entendem que a proposta apresentada é severa demais e que vai penalizar principalmente quem recebe salários menores, quem começou a trabalhar mais cedo e os jovens, que estão iniciando agora suas carreiras", disse o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força.
"Esperamos a participação maciça de trabalhadores, aposentados e demais setores da sociedade, pois são os nossos direitos a uma vida digna que estão em jogo e temos de demonstrar ao governo, aos parlamentares e à sociedade que não aceitamos que nossas conquistas sejam suprimidas para cobrir um rombo causado por sucessivos desmandos e equívocos de anos de desgoverno", acrescentou o parlamentar.

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