Análise indica que material se formou no asteroide, não externamente
WASHINGTON, EUA. Ceres, um planeta-anão conhecido por ser o maior corpo de um cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, parece ter material orgânico formado no próprio asteroide e vindo de origem externa, a bordo de um cometa ou de outro asteroide, por exemplo. A descoberta foi feita com análise de material coletado pela sonda Dawn, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), que chegou à superfície de Ceres em 2015 e ainda permanecerá mais cinco meses por lá.
Para esse estudo, a sonda analisou uma área de cerca de 1.000 quilômetros quadrados ao redor de Emutet, uma cratera de cerca de 50 quilômetros de diâmetro, de acordo com informações do “El País”. Os pesquisadores encontraram compostos orgânicos alifáticos (blocos de construção baseados em carbono que podem ter um papel na química que permite a presença de vida) que tiveram origem em Ceres. A análise mostra que se o material tivesse chegado com um asteroide, não teria sobrevivido às altas temperaturas do choque. A distribuição pela superfície também sugere origem no próprio planeta-anão. O estudo foi publicado na revista “Science”.
O material coletado não permite determinar exatamente quais substâncias formam o composto. No entanto, os cientistas já sabem que há combinações de minerais semelhantes ao alcatrão, à cerite ou à asfaltite.
Além dos compostos orgânicos, cientistas também já indicaram a presença de água nas crateras de Ceres, elemento considerado essencial para que haja vida. Segundo uma pesquisa publicada em dezembro, Ceres concentra água congelada nas regiões mais escuras. Em 2014, os cientistas anunciaram a presença de vapor de água no planeta.
Michael Küppers, do Centro de Astronomia Espacial da Agência Espacial Europeia, perto de Madri, destaca a importância desse achado num artigo que acompanha o estudo. “Dado que Ceres é um planeta-anão que ainda pode conservar parte do calor interno gerado durante sua formação, e, talvez, tenha um oceano subterrâneo, existe a possibilidade de que possam ter surgido formas de vida primitivas”, afirma.
A pesquisa pode ajudar a entender como os primeiros organismos sugiram na Terra e até no Sistema Solar. Uma das hipóteses é que os componentes para a vida no nosso planeta tenham chegado em corpos externos.
Mesmo com as descobertas, Ceres ainda não deve ser a “Terra 2”, a zona habitável fora de nosso planeta que os cientistas procuram. “Ceres tem gravidade bem baixa, não possui atmosfera e tem uma temperatura média de cerca de -100º C. Portanto, é bem baixa a chance de que qualquer tipo de vida, mesmo que microscópica, venha a evoluir num ambiente inóspito como este, pelo menos nos padrões que temos como referência”, disse Rundsthen Nader, astrônomo da UFRJ, ao Uol.
FLASH
Aspecto. Descoberto em 1801, Ceres já foi classificado como planeta e é tido como planeta-anão desde 2006. Sua superfície é escura, arredondada e cheia de crateras. O núcleo, provavelmente, é rochoso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário